sexta-feira, 26 julho

    Entrevista

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    A deputada estadual Marília Campos (PT) iniciou sua vida pública quando foi eleita vereadora de Contagem em 2000. Dois anos depois, elegeu-se deputada estadual com mais de 45,6 mil votos, 28 mil deles recebidos em Contagem, cidade onde mora desde 1986. Em 2005, renunciou na Assembleia para tomar posse no cargo de prefeita, tornando-se a primeira mulher a governar Contagem. Marília foi reeleita em 2008 e, quando deixou a Prefeitura em 2012, tinha mais de 80% de aprovação popular. Voltou a disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa em 2014, e foi eleita deputada com 78,9 mil votos. Destes, mais de 61 mil votos são oriundos da cidade que administrou e que escolheu para viver.
    Na Assembleia, assumiu a presidência da Comissão de Participação Popular e integra ainda as comissões de Meio Ambiente e Extraordinária das Mulheres. Marília Campos tem se notabilizado por fazer um mandato que combate privilégios, defende os direitos das minorias e luta pela qualidade de vida nas cidades de Minas.
    Confira a seguir entrevista com a ex-prefeita de Contagem, e deputada estadual mais votada da história da cidade.

    Como vê a expressiva vitória que o povo contagense lhe deu nas urnas, tanto para prefeita como para deputada estadual?
    Acredito que esta vitória foi em função de reconhecimento de um trabalho de dois mandatos em que procuramos não só colocar a cidade em dia, do ponto de vista administrativo e orçamentário, mas avançar também nas políticas sociais com investimentos na Saúde. Um exemplo disso foi a construção de várias UBS – Unidades Básicas de Saúde, e a construção da Maternidade Municipal e da UPA JK, cujas obras deixamos em fase final de acabamento. Conseguimos melhorar as políticas públicas e a segurança. Acho que a cidade se sentiu muito amparada no nosso governo. A vitória foi o reconhecimento do nosso trabalho e resultado da credibilidade em nosso governo.

    A senhora foi eleita deputada estadual com 78,9 mil votos. Destes, mais de 61 mil são oriundos de Contagem. De que forma a senhora tem procurado ajudar a cidade que a elegeu?
    Meu trabalho em Contagem tem se destacado em primeiro lugar por representar demandas que são de interesse da comunidade. Muito dos investimentos que a gente fez na região de Vargem das Flores, Praia, Colonial e Chácaras foi pela conclusão de obras de saneamento básico e implantação das redes de esgoto. Tenho lutado muito junto a Copasa para que estas obras, que envolvem as bacias de Vargem das Flores e da Pampulha, sejam concluídas.
    Tenho atuado também pela conclusão das obras do PAC da Mobilidade que prevê a construção dos BRTs e também dos terminais. Esta é uma luta da Região Metropolitana e de Contagem, particularmente. Acredito que a integração do transporte metropolitano com o municipal, vai melhorar o transporte público em Contagem.
    Do ponto de vista Legislativo, de projeto de lei, aprovei no ano passado um projeto muito importante para Contagem que foi o que cria uma área de preservação no Parque Fernão Dias, um equipamento público de lazer e esportes que hoje se encontra abandonado. Visitei o atual prefeito no sentido de pedir apoio para que, junto à prefeitura de Betim, possamos fazer uma parceria para devolver esse tão importante equipamento público para a população de Contagem e Betim, revitalizado.

    Nova Contagem teve uma atenção especial de seu governo, quando foi prefeita. Agora, como deputada estadual, o que tem sido possível fazer em prol daquela região?
    Além do saneamento básico, a questão do transporte público é muito importante. Fizemos inclusive audiência pública em Nova Contagem para discutir a questão do transporte coletivo. É uma luta permanente que envolveu o governo municipal anterior e a nossa expectativa é que possamos, junto com a administração atual, pressionar o DER para integrar e garantir um transporte público de qualidade.
    Gostaria de destacar que Contagem vive um gravíssimo problema hoje que é a violência. O número de homicídios aumentou drasticamente. Só para se ter uma ideia em 2012, quando deixei a prefeitura, aconteceram 7.700 crimes violentos na cidade. Fechamos 2016 com um aumento de 85%. Precisamos investir no policiamento, na Guarda Municipal e em políticas públicas para a juventude. E Nova Contagem é uma região que precisa de políticas sociais, que devem e podem ser desenvolvidas. Então a minha procura junto ao município vai ser permanente no sentido de garantir mais investimentos naquela região.

    Qual a sua opinião sobre a atual administração da cidade?
    Ainda não dá para fazer uma avaliação deste início de mandato. Mas acho que é um governo de desafios. O prefeito Alex vai ter que arregaçar as mangas e trabalhar muito. Mesmo não o tendo apoiado, o nosso mandato está tentando ajudar a cidade com os projetos que aprovamos e também destinando emendas parlamentares, em particular na área da Saúde, como já fizemos no ano passado.

    O que o atual governo herda das duas últimas administrações?
    Herda questões positivas, mas também problemas conjunturais preocupantes. Contagem, que tem um PIB de 26 bilhões, o terceiro do Estado, é uma cidade que obviamente absolve os reflexos da crise nacional e estadual. Ela depende muito do ICMS e em 2017 está prevista uma queda em torno de 10%. O VAF (Valor Adicionado Fiscal), que é um instrumento que possibilita o repasse do ICMS, está negativo -4,36. Então teremos uma queda na arrecadação em função dessa crise conjuntural que está colocada.
    A atual administração herda uma cidade com melhor infraestrutura na área da Educação, da Saúde, Saneamento e drenagem – com um canteiro de obras expressivo – e na área de Transporte, com o PAC da Mobilidade que prevê a construção de vários terminais de transporte coletivo, o BRT. Minha administração deixou alguns investimentos que o Carlin continuou e que o prefeito atual herda, com várias obras já em fase de conclusão. Elas vão exigir que a Prefeitura faça um processo de licitação, inclusive pela melhoria do transporte coletivo.
    Este governo também herdou uma situação de equilíbrio orçamentário e financeiro. Hoje a Prefeitura tem uma situação mais tranquila com relação às dívidas do município. Em função da negociação do Governo Federal com as prefeituras, o governo Carlin conseguiu diminuir a dívida de 2015, que era de 581 milhões, para 374 milhões, em 2016. Uma redução de 207 milhões. Isso significa que a prefeitura terá que desembolsar menos para pagar a dívida e, portanto, vai sobrar mais para garantir investimentos nas políticas sociais. Além disso, Contagem tem uma receita de 1,297 bilhão de reais. Não dá para fazer tudo que precisa, mas dá para manter a cidade em dia.

    Como fica o atual governo diante do congelamento dos salários dos servidores municipais?
    O governo Carlin congelou o salário dos servidores municipais por dois anos. O atual prefeito vai ser muito pressionado. Certamente estarei apoiando a luta legítima dos servidores pela melhoria dos seus salários. Com a aprovação da PEC 55, os repasses do Governo Federal também estão congelados, o que significa menos recursos para a Educação e para a Saúde. Mas apesar disso, a situação da prefeitura hoje é de certo equilíbrio.

    Deputada, uma das principais pautas da senhora na Assembleia são os movimentos sociais. Como está a questão diante do Governo Estadual?
    Acompanho muito a luta por habitação. Sou a representante da Assembleia na mesa de negociação de conflitos. Temos duas importantes áreas de conflitos: a ocupação William Rosa, em Contagem, e a ocupação Isidoro, em Belo Horizonte. Tenho sido acionada pelos movimentos para ajudar na intermediação no sentido de construir uma solução negociada que, infelizmente, até então não tem sido vitoriosa.
    Na comissão de Participação Popular, sou sempre acionada a intervir quando tem algum impasse nos processos de negociação dos trabalhadores dos órgãos estatais das administrações direta e indireta. Atuo também na comissão de Meio Ambiente que tem tido um olhar especial para Contagem. Com relação à Saúde, dediquei 1,5 milhão de reais para Contagem no ano passado.

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