Os poucos equipamentos culturais que existiam em Contagem, estão fechados ou “caindo aos pedaços”; para não passarem fome, os artistas locais migram para outras cidades; a população, sem acesso a cinemas ou teatros, e ainda sem um transporte público local eficiente, vai buscar opções de lazer na capital.
Essas foram algumas das queixas trazidas por contagenses à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na noite desta terça-feira (5/11/2019), durante audiência pública realizada no auditório da Faculdade UNA.
A vice-presidente da comissão, deputada Andreia de Jesus (Psol), foi quem solicitou a reunião, depois de ter sido procurada por representantes de vários movimentos populares do município, entre eles, o movimento de cultura Conectando a Cidade e o Fórum Popular de Cultura de Contagem.
Rafael Aquino, um dos coordenadores do Conectando a Cidade, afirmou que saúde, educação e segurança são muito importantes, mas que uma cidade precisa também de cultura e lazer. Para ele, investir em políticas culturais seria, inclusive, uma alternativa para reduzir a violência e a criminalidade, principalmente entre os jovens.
Anderson Cunha Santos, professor e morador de Contagem, que foi administrador da Casa de Cultura Nair Mendes na gestão da ex-prefeita e atual deputada Marília Campos (PT), defendeu a estruturação urgente de um órgão gestor para a cultura da cidade, com a realização de concurso público, para que esse órgão tenha seus próprios servidores efetivos, além de mais verbas para o setor cultural.
Na opinião dele, se a população não se organizar e cobrar uma postura imediata do atual governo, a cidade vai perder ainda mais, porque os recursos do chamado ICMS Cultural, cujo cálculo é feito com base no número de equipamentos culturais do município, vão ficar cada vez mais escassos. “O projeto Educação pelo Tambor, que existia na época da prefeita Marília e que revelou muitos talentos, acabou! A Casa dos Cacos está caindo, a fazenda Vista Alegre já virou ruína”, lamentou.
Ao final da audiência, a deputada Andréia de Jesus anunciou uma série de requerimentos, que deverão ser votados na próxima reunião ordinária da comissão, com pedidos de informações e providências a vários órgãos, para a reabertura do Cine Teatro Municipal de Contagem, da Casa de Cultura Nair Mendes, da chamada Casa dos Cacos e de outros bens culturais que inclusive já foram tombados e estão protegidos por lei.
A Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Juventude de Contagem havia confirmado que mandaria um representante para a audiência, mas este não compareceu, nem justificou a ausência. O não comparecimento de representante da prefeitura foi muito criticado pela deputada Andreia de Jesus e por vários outros presentes.
Contagem investe e preserva a cultura
e o patrimônio histórico da cidade
Procurada para se manifestar a respeito de queixas de destruição do patrimônio cultural , a Prefeitura de Contagem informou que, “sempre priorizou e fomentou a cultura e a preservação do patrimônio histórico e cultural do município. Entre os anos de 2017 e 2018, segundo a Secretaria Municipal de Orçamento, Planejamento e Gestão (Seplan), a Prefeitura de Contagem investiu mais de R$ 24 milhões na Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude (Secej), entre recursos próprios, transferências, convênios e outras fontes foram destinados à Pasta.
Além dos nove novos projetos implementados neste ano pela Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Juventude (Secej), a Prefeitura de Contagem acaba de assinar uma ordem de serviço para licitar a restauração de um dos bens mais importantes tombados do município, o Cine Teatro Municipal. O investimento a ser feita será da ordem de R$ 6,5 milhões.
Após a reforma, o Cine Teatro terá novamente a capacidade para comportar até 450 espectadores, camarins, foyer nos dois pavimentos e palco, respeitando as características originais da edificação em sua fachada, mas modernizando a parte interna e incluindo condições de acessibilidade. Com isso, a cidade ganhará mais um espaço para a realização de espetáculos culturais. A obra tem previsão de duração de cerca de um ano e meio.
Além do Cine Teatro, também serão restaurados a Casa da Cultura Nair Mendes Nogueira, o Museu Histórico de Contagem, fechado desde o ano de 2016 devido a problemas de falta de manutenção e conservação, por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Contagem e o Fundo Municipal de Patrimônio Cultural (ICMS Cultural). O museu será mais um equipamento cultural que será reaberto à população. De acordo com a Diretoria de Políticas de Memória e Patrimônio da Secej, será feita uma restauração completa na casa, que possibilitará sua reabertura até novembro de 2020. O custo do investimento das obras de cerca de R$1,2 milhão.
Estação Bernardo Monteiro:
obras após 21 anos de espera
Além disso, parceria entre o Executivo municipal e a empresa Vale Logística (VLI) e a comunidade do bairro Bernardo Monteiro, possibilitou que um acordo fosse firmado para reforma do prédio da Estação Bernardo Monteiro. As obras da Estação Bernardo Monteiro incluem reformas infraestruturais que contemplam paredes, piso, portas e janelas e telhado, respeitando as características originais da construção. O prédio terá condições de acessibilidade e uma proteção de plataforma, para evitar acidentes, já que a linha de ferro que passa pelo local continua em operação. O entorno do local também receberá intervenções, como nova iluminação, a construção de uma praça e a instalação de uma guarita da Guarda Civil de Contagem (GCC), para reforçar a segurança na região. A previsão é de que as obras sejam entregues à população até o próximo mês.