Depois da Páscoa e do Dia das Mães, chegou a vez das festas juninas se adaptarem à realidade trazida pela pandemia do Coronavirus – do arraial virtual a drive-thru de pratos típicos. Junho chegou, só que, desta vez, sem fogueira, quadrilhas nas ruas e comidas típicas. Com o avanço da Covid-19 no país, muitos brasileiros têm levado as tradicionais comemorações juninas, como quermesses, para dentro de casa, ou se programam para eventos on-line.
O São João é uma das festas mais tradicionais do nordeste brasileiro e das mais animadas que já vivenciamos. É uma festa dos santos populares ou celebração do meio do verão, período centrado no solstício de verão (no hemisfério norte) e de inverno (no hemisfério sul) e, mais especificamente, nas celebrações do Norte da Europa que ocorrem entre 19 de junho e 25 de junho. Uma grande festa. Mas desde quando comemoramos essa festa tão popular? No Brasil, desde pelo menos o século XVII, no mês de junho, comemoram-se as chamadas “Festas Juninas”. Sabemos que, além daquilo que tipifica tais festas, como trajes específicos, comidas e bebidas, fogueiras, fogos de artifício e outros artefatos feitos com pólvora (como bombinhas), há também a associação com santos católicos, notadamente: São João, Santo Antônio e São Pedro. Mas de onde elas vieram? Associam essas festas a dos antigos povos germânicos e romanos. Os povos que habitavam as regiões rurais da Alemanha e de Roma, na antiguidade ocidental, prestavam homenagens a diversos deuses aos quais eram atribuídas as funções de garantir boas plantações, boas colheitas, fertilidade etc. Geralmente, tais ritos (que possuíam caráter de festividade) eram executados durante a passagem do inverno para o verão, que, no centro-sul da Europa, acontece no mês de junho. Nesses rituais se acendiam fogueiras e balões, havia danças, cânticos e manifestações populares diversas. Na transição da Idade Antiga para a Idade Média, com a cristianização dos romanos e dos povos bárbaros, essas festividades passaram a ser assimiladas pela Igreja Católica, que, como principal instituição do período medieval, soube também acabar o culto aos deuses pagãos do período junino e substituí-los pelos santos. Nas regiões do Sul da Europa, sobretudo na Península Ibérica (Espanha e Portugal), onde o catolicismo desenvolveu-se com muita força no fim da Idade Média, essas tradições tornaram-se plenamente arraigadas. Com a colonização do Brasil pelos portugueses a partir do século XVI, as festas juninas aqui foram se estabelecendo, sem maiores dificuldades, e ganhando um feitio próprio. Essa festividade junina no Brasil, sobretudo no nordeste, mantém as características que herdamos da Europa, trazidas pelos invasores de nossas terras, a exemplo da celebração dos dias dos santos.