Com a chegada das festas juninas, o número de acidentes causados por fogos de artifício, rojões e bombas triplica nessa época do ano. E as crianças e adolescentes são as principais vítimas, devido ao manuseio inadequado e indiscriminado de fogos, rojões e bombinhas. Queimaduras, comprometimento da visão, lesões motoras e perda auditiva são os traumas mais comuns.
A intensidade do barulho dos fogos e rojões pode causar danos severos e irreversíveis à audição. Isso porque o estrondo da explosão dos fogos, principalmente dos rojões, é intenso e inesperado. O forte barulho, que pode chegar a intensidade de 140 decibéis, percorre todo o ouvido de forma rápida, podendo causar trauma acústico, com perda de audição unilateral ou bilateral, temporária ou permanente, para toda a vida.
O ruído, fortíssimo, entra pelo conduto auditivo até chegar à cóclea, onde ficam as células ciliadas do ouvido, que são os receptores sensoriais do sistema auditivo. Com a exposição intensa a altos volumes sonoros, em diversas situações, como essas, as células vão morrendo e, como não são regeneradas pelo organismo, a audição vai diminuindo de forma lenta, mas progressiva,
explica a fonoaudióloga Isabela Papera.
No caso das crianças, o dano auditivo pode não ser percebido de imediato pelos pais. Mesmo adolescentes ou adultos podem não levar a sério o incômodo nos ouvidos. Mas é bom ficar alerta. Os principais sintomas de que a audição foi prejudicada são a sensação de pressão ou ouvido tampado, dores de cabeça, zumbido nos ouvidos ou dificuldades para escutar e entender o que as pessoas falam.
Em crianças maiores, que já conseguem expressar em palavras o que sentem, os danos auditivos podem ser diagnosticados mais facilmente. Já as pequenas, que estão na primeira infância, com até três anos de idade, só conseguem manifestar o incômodo chorando. Seja como for, os pais devem estar atentos aos sinais, sempre que estiverem em ambientes barulhentos.
“O ideal é manter as crianças longe dos fogos, uma vez que o ruído – principalmente dos rojões – é extremamente danoso à audição, mesmo a uma distância superior a três metros de onde o artefato está sendo aceso. O limite seguro de exposição aos sons é 85 decibéis e no caso dos fogos o ruído pode chegar a bem mais que isso”, pontua a fonoaudióloga.