A voz do povo é realmente a voz de Deus? Nem sempre o que o povo fala é verdade absoluta, principalmente se isso acontece através de alguém que apenas acredita possuir procuração para isso. Ninguém pode mais que o conjunto da sociedade, ninguém é mais que a comunidade ou segmento social mobilizado.
Ouvir, no entanto, é uma arte, seja o lamento solitário, a rebeldia inconsequente, o “jus sperniandi”, ou a reivindicação consciente e justa de uma nação, de um povo, de uma comunidade, de um grupo. Exercitar esta prática, compreender o que está sendo dito, reivindicado e transformar tudo isso em nova realidade é arte ainda mais completa, para poucos.
Em síntese, está o diálogo acima de tudo e é para a necessidade de que ele se faça presente que muitas vezes fica intermitente o sinal amarelo. Nem livre para avançar sem compromisso, nem vermelho para estagnar.
O PSL vive isso, uma crise onde troca de farpas é uma constante. Baixa nas fileiras do partido, e uma entrevista à TV Record, do presidente da República Jair Bolsonaro falando da chance de ele deixar o PSL é de “80%” caso Bivar não ceda a ele o controle da legenda.
Os próximos dias serão fundamentais para o desfecho. Por um lado, o PSL volta a dar andamento ao processo disciplinar que pode resultar na expulsão de deputados “bolsonaristas” da legenda. Do outro lado a ala “bolsonarista” da bancada do partido na Câmara apresentou na semana passada um pedido ao Ministério Público Eleitoral (MPE) para que os pagamentos de recursos públicos do PSL sejam congelados, até que sejam apuradas possíveis irregularidades nas prestações de conta da sigla nos últimos cinco anos.
Para colocar mais lenha na fogueira o depoimento do ex-ministro Gustavo Bebianno no jornal Folha de São Paulo, isso que Bolsonaro concordou em transferir uma fatia de 30% do Fundo Eleitoral do PSL para o diretório de Pernambuco. A forma como os pernambucanos usaram o dinheiro, porém, é de responsabilidade do diretório local, insistiu Bebianno.
O PSL pernambucano era comandado por Bivar durante as eleições. Hoje, o congressista nordestino é investigado sob a acusação de ter usado candidatas “laranjas” (isto é, de fachada) para se apropriar dos recursos da campanha, o que ele nega. A investigação abrange também Marcelo Alvaro Antônio (MG), ministro do Turismo, que também nega as acusações.
O sinal amarelo acendeu.