quarta-feira, 11 dezembro

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    A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) revelou que o uso de celular é a terceira maior causa de mortes no trânsito no Brasil – atrás apenas do excesso de velocidade e do consumo de álcool pelos motoristas. São cerca de 150 óbitos por dia no país e quase 54 mil por ano, provocados pela utilização indevida do aparelho na hora de dirigir.
    A entidade promoveu um estudo para avaliar a interferência causada pelo ato de falar ao telefone celular, com o dispositivo em viva voz, e constatou que fatores humanos como a distração e a falta de concentração, ocasionadas pelo uso do celular, podem motivar o aumento de sinistros.
    Na ocasião, com a ajuda de um simulador de direção, foram verificados o desempenho de oito voluntários, sendo quatro homens e quatro mulheres, com idades entre 23 e 52 anos.  A pesquisa observou que os tempos de percurso e reação, além do número de infrações e acidentes de trânsito se elevaram quando os voluntários falavam ao celular no mecanismo viva voz, durante a direção simulada.
    Em condições normais, os motoristas levariam uma média que varia de 3 minutos e 1 segundo a 3 minutos e 48 segundos para percorrer determinado percurso. Para realizar o mesmo trajeto, falando ao celular com o viva voz, demorariam entre 3 minutos e 14 segundos a 4 minutos e 17 segundos.

    Os tempos de reação apresentados pelos voluntários variaram de 60 a 66 segundos em condições normais e de 62 a 74 segundos quando foram testados usando o aparelho.  O número médio de infrações de trânsito cometidas pelos motoristas testados em condições normais foi de 2,5 e passou para 4,75 quando falavam ao celular. Já o número de acidentes provocados aumentou de 0,5 para 1,5 em razão da distração provocada pelo aparelho.

    Falta conscientização dos motoristas

    A Abramet calculou também que gastamos entre 8 e 9 segundos para atender a uma chamada telefônica – entre ouvir a chamada, localizar o celular, pegar, desbloquear e atender. Se o motorista estiver a 80 km/h, por exemplo, vai percorrer quase duas quadras desatento em relação ao trânsito. No caso de mensagens de texto, levamos de 20 a 23 segundos para responder. Certamente encontrando um obstáculo pela frente.
    O conteúdo da conversa é o primeiro fator que interfere no comportamento dos motoristas quando eles usam o celular na direção, mesmo com o dispositivo viva voz.

    O que prejudica os condutores não é o fato de estarem com apenas uma mão no volante. O pior é dividir a atenção entre a via e o conteúdo da mensagem., observa o médico especialista em trânsito Aly Said Yassine.

    O segundo fator é o tempo de resposta do motorista, frente a um obstáculo, que é mais lento.

    Com a atenção desviada para o celular, o tempo de frenagem, para desviar de um pedestre ou para respeitar o semáforo é mais devagar. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a desatenção causada pelo ato de falar ao celular é maior em comparação à falta de concentração que acomete um motorista sob o efeito do álcool, informa Aly Yassine.

    A visão periférica é o outro fator que sofre prejuízo quando o condutor conjuga a direção e a conversa no celular.

    Em condições normais, o motorista consegue perceber o que acontece nas laterais, como a aproximação de um ciclista, mas quando desvia sua atenção para o telefone, não consegue perceber o que acontece no entorno, comenta o médico.