Uma das mais significativas manifestações populares características da Semana Santa é a criação dos tapetes devocionais que recebem a Procissão da Ressurreição na manhã do domingo de Páscoa.
Em Ouro Preto, moradores e turistas se unem na noite de sábado, a partir das 20h, para enfeitar e adornar as ruas da cidade histórica. E, com eles, estarão alunos, funcionários e professores da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) para desenvolver tapetes em frente à sede da Casa do Rosário, no adro da Igreja Nossa Senhora das Mercês de Baixo e na Rua das Mercês. A iniciativa é aberta à participação de todos.
A diretora de Promoção e Extensão Cultural da Faop, Sandra Fosque, explica que a adesão da instituição e seus membros à montagem dos tapetes reflete uma preocupação com as expressões artísticas locais.
Os tapetes devocionais são realizados em Ouro Preto desde o século XVIII, sendo uma expressão da nossa cultura. Como instituição que preza pela difusão de expressões artística, nada mais justo e importante que nossos alunos, professores e funcionários colaborem, afirma.
A Prefeitura Municipal de Ouro Preto disponibilizará, ao longo do trajeto, serragem tingida em diversas cores para criar as tradicionais figuras religiosas. Durante a noite, grupos de seresta percorrerão o trajeto, animando os turistas e moradores que se dedicam à criação dos tapetes.
Segundo a tradição, são colocadas toalhas coloridas e flores nas janelas. As toalhas vermelhas ou roxas são para os dias mais solenes, sendo substituídas por tecidos brancos ou coloridos para o Domingo da Ressurreição.
Origem dos tapetes devocionais
Trazida pelos portugueses durante o Brasil Colônia, a tradição foi difundida junto ao estilo barroco, que domina a arquitetura das casas e igrejas de diversas cidades mineiras.
Em Ouro Preto, a prática existe desde 1733, quando a matriz do Pilar foi reinaugurada com a festa do Triunfo Eucarístico. Na procissão do Triunfo, junto aos sacerdotes, seguiam os fiéis pertencentes a irmandades da cidade, todos com trajes de gala. As ruas entre a Igreja do Rosário e a Matriz do Pilar foram cobertas de flores e folhagens, enquanto as janelas das casas receberam sedas e tecidos adamascados, além de adornos de ouro e de prata.
Em 1963, quando Nossa Senhora do Pilar foi escolhida a padroeira de Ouro Preto, os tapetes voltaram a ser feitos. A população abraçou o ato e os tapetes passaram a ser confeccionados anualmente, na noite do Sábado Santo, para a procissão do Domingo da Ressurreição.