domingo, 22 dezembro

    Formados em sala de aula

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    Ingresso nas mãos e muita ansiedade. Esse foi o sentimento dos alunos da Escola Municipal Newton Amaral Franco, do bairro Petrolândia, em Contagem, na fila do Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Em cartaz, animações e curtas-metragens produzidos por eles mesmos. Cerca de 700 estudantes do 1º ao 5º ano participam de um projeto de cinema desenvolvido pela bibliotecária da instituição de ensino, Sheila Rodrigues. Eles foram responsáveis por criar o roteiro, gravar e finalizar os filmes.

    O projeto é baseado na Lei nº 13.006, que determina que escolas de educação básica destinem duas horas mensais para a exibição de filmes nacionais. Fiquei pensando por que assistir filmes dos outros se a gente pode fazer os nossos?, destaca Sheila.

    Cerca de 700 estudantes do 1º ao 5º ano participam de um projeto de cinema desenvolvido pela bibliotecária Sheila Rodrigues

    Durante dois anos, nos horários destinados às atividades na biblioteca, os estudantes participaram de palestras e oficinas literárias e de cinema.
    Nos últimos meses, os alunos começaram a produzir animações e curtas-metragens. Eles construíram cenários e fizeram desenhos que deram vida às animações. Na sequência, utilizaram técnicas de stop motion (forma de animação que registra a imagem quadro a quadro) para captar as cenas.

    Os filmes foram feitos com celulares. Para se ter uma ideia, para produzir uma animação de três minutos foram tiradas mais de duas mil fotos. Bruna Gabriele, de 10 anos, ajudou a animar o curta “Menino do Morro” e ficou encantada com o resultado do trabalho. “Eu fui responsável por tirar as fotos e é bastante demorado, porque eu preciso esperar o animador mexer no personagem para fazer o registro”, explicou.

    Ao todo foram produzidos dois curtas e sete animações. Os roteiros falam de temas debatidos na escola, como preconceito, racismo, meio-ambiente, amizade e sonhos.
    Ketthelyn Vieira, de 10 anos, foi protagonista do curta “Menina Estranha”. O enredo conta a história de uma aluna que não gostava de conversar com os colegas. O carinho e a amizade transformaram o pensamento da personagem Judith. “Estudar é bom, mas a escola também é um ambiente para se divertir, para fazer amigos, e com o o filme a gente aprende isso”, destacou.
    Os curtas ficaram em cartaz no Cine Humberto Mauro durante uma semana. A Escola Newton Amaral Franco organizou diversas caravanas para que os estudantes e pais pudessem assistir às sessões. Alexandre Augusto, de 10 anos, ficou tão feliz com o resultado do trabalho que quis assistir novamente. “Cada vez que eu vejo o filme lembro do nosso trabalho. É difícil gravar, demora muito, mas é muito divertido”, comemorou.

    Estímulo para o aprendizado

    O projeto de cinema foi avaliado por educadores da Escola Municipal Newton Amaral Franco. Segundo eles, o contato com as produções audiovisuais foi importantíssimo para o desenvolvimento dos estudantes em sala de aula.
    As técnicas aprimoram o aprendizado nas áreas de humanas e exatas. “O projeto trabalha o aluno como um todo. Ele é induzido a escrever e reescrever um roteiro, elaborar melhor as ideias, precisa ler bastante para decorar um texto, contar a quantidade de quadros para a produção de cenas. Enfim, o projeto trabalha português, matemática, literatura e outras disciplinas”, destacou a diretora da escola, Paula Zumpano.
    Sidneia da Silva é professora do ensino fundamental e acompanhou de perto o projeto. Ela até atuou em um dos curtas. Para Sidneia, o desenvolvimento dos estudantes em sala de aula é visível.
    “Antes, muitos alunos não gostavam de escrever, não queriam ler. A partir do momento que entraram para o projeto eles ficaram interessados pelas disciplinas e enxergam em cada situação a oportunidade de produzirem um roteiro”, explica a professora.
    Gabriel Matos, de 10 anos, foi responsável por animar os curtas “Chapeuzinho Vermelho”, “Cabrumm” e “Dia de Chuva”. O estudante do 4º ano ficou entusiasmado com o projeto. Tanto que não vê a hora de começar a produzir novos filmes. “Depois do projeto comecei a escrever minhas próprias poesias. Para o próximo ano eu quero criar o meu filminho”, destacou.

    (Fotos: Geraldo Tadeu)