sábado, 27 julho

    105 anos de muitas conquistas e desafios

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    Na época do Brasil colônia, a Coroa portuguesa mantinha o controle sobre os territórios ocupados através de postos avançados, chamados “postos de registro”. Tais postos fiscalizavam e registravam todo o movimento de pessoas e mercadorias, cargas e tropas.
    Ali, os viajantes, mercadores de escravos e tropeiros eram obrigados a parar e, enquanto as mercadorias eram registradas, aproveitavam para aliviar os animais de carga, descansar, fazer negócios e pernoitar. Com o tempo, em torno de alguns “postos de registro”, surgiam plantações de roças e criação de gado para sobrevivência.

    No inicio do século XVII, nas terras da sesmaria do capitão João de Sousa Souto Maior – um terreno conhecido como Sítio das Abóboras – foi instalado um desses postos de fiscalização e arrecadação.

    Em torno desse posto, surgiu um pequeno povoado. A população ergueu uma capela para abrigar o Santo protetor dos viajantes (São Gonçalo do Amarante) e logo surgia o arraial de São Gonçalo de Contagem – uma homenagem ao santo e uma referência à contagem das cabeças de gado, de escravos e mercadorias para serem taxadas.

    Em 1854, o arraial foi elevado à categoria de paróquia, separando-se da paróquia do Curral Del-Rei (Belo Horizonte), por força da Lei Provincial 671, de 29 de abril.

    Emancipação – A partir de 1901, Contagem passou a integrar o recém criado município de Santa Quitéria (Esmeraldas), composto também pelos distritos de Capela Nova (Betim) e Várzea do Pantana (Ibirité). Antes disso pertenceu à Comarca do Rio das Velhas, distrito do município de Sabará.

    Em 30 de agosto de 1911, Contagem foi emancipada de Santa Quitéria (Lei 566) e elevada à condição de vila, graças ao então senador Bernardo Monteiro. Faziam parte do novo município, chamado Vila de Contagem, os distritos de Várzea do Pantana (Ibirité), Campanha, Neves e Vera Cruz. A instalação formal do município, entretanto, só ocorreu em 1º de junho de 1912.

    Autonomia – Em 1916 foi instalada a primeira Câmara de vereadores exclusiva de Contagem. Até essa data, havia uma Câmara única para a Vila Contagem e Santa Quitéria. Além disso, o presidente do Legislativo exercia também as funções de chefe do Executivo Municipal da Vila de Contagem, pois o cargo de prefeito não existia.

    O primeiro prefeito de Contagem, Antônio Benjamim Camargos, foi nomeado por Getúlio Vargas com a revolução de 1930, que mudou a organização do sistema municipal brasileiro.
    Em 1938, através de um Decreto, o Governador Benedicto Valadares suprimiu o município de Contagem, integrando-o a Betim. A restauração da autonomia administrativa da cidade aconteceu dez anos depois, através da Lei nº 336, de 27 de dezembro de 1948.

    Recuperada a autonomia política e administrativa, em 1949 Contagem realizou sua primeira eleição direta para o Executivo. Na ocasião, menos de 800 eleitores compareceram as urnas. Luís da Cunha, o prefeito eleito, obteve 461 votos, contra 307 de seu adversário.

    De lá pra cá, a cidade teve 26 prefeitos. Hoje é o terceiro maior colégio eleitoral do Estado e o segundo da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com uma população de 648.766 e 456.933 eleitores. Nas eleições de outubro elegerá seu 27º prefeito.

    Industrialização – Devido à crise financeira mundial de 1929, setores produtivos e da tecnocracia mineira passaram a defender a tese de que o estado, rico em recursos naturais, precisava se industrializar para superar o atraso econômico.

    Como resultado dessa nova orientação política, em 1941, o governador Israel Pinheiro inaugurou o sistema de distritos industriais que seria gradualmente construído em Minas Gerais ao longo das décadas seguintes. A criação do Parque Industrial, mais tarde denominado Cidade Industrial Juventino Dias, em Contagem, instituída pelos decretos-lei 770 de 20 de março de 1941 e 778 de 19 de junho de 1941, foi a primeira e principal medida resultante desta nova política.

    Todavia, só foi implantada em 1946. A instalação da Itaú, no ramo do cimento, e da Magnesita, no ramo de refratários, funcionou como alavanca para imprimir confiança e credibilidade ao projeto. No final dos anos 1950 a Cidade Industrial havia se transformado no maior núcleo industrial de Minas Gerais.

    A vizinhança com Belo Horizonte e a industrialização, garantida pela energia da Cemig a partir de 1952, trouxeram resultados positivos para a cidade. Contagem cresceu, prosperou, ganhou importância econômica e se transformou na segunda maior cidade do estado em número de habitantes.

    Em 1970, também por iniciativa do setor público, foi constituído o segundo grande projeto de expansão industrial em Minas. Mais uma vez localizado em Contagem. Por força da lei municipal nº 911, de 16 de abril, foi implantado o Centro Industrial de Contagem (CINCO).
    Em torno dessa base industrial se desenvolveu uma extensa malha de serviços e equipamentos públicos. Destaca-se o bairro Eldorado, criado a partir de 1954, e hoje o maior centro comercial da cidade, e as Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas), criado em 1974. O entreposto que ocupa o segundo lugar nacional em vendas de hortigranjeiros, é o mais diversificado do Brasil.

    A tradição urbano-industrial da cidade deixou suas marcas na formação da paisagem urbana, na cultura, e no caráter da gente de Contagem. A cidade desponta no cenário brasileiro não apenas pelas lideranças que têm oferecido ao Estado e ao país, mas também por sua contribuição ao patrimônio democrático que os brasileiros têm construído. Um exemplo é a greve metalúrgica de 1968, um dos símbolos nacionais da resistência ao regime militar.

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