Fim da Copa do Mundo e agora os nossos olhos brasileiros se vol- tam para as eleições presidenciais que vão acontecer em outubro. Não temos tempo para deixar passar mais quatro anos para pensarmos em resolver a situação da segurança pública no Brasil. O Atlas da Violência de 2018 – divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública – nos trouxe um recorde histórico de 62.517 homicídios no ano de 2016, batendo a marca alarmante de 30 homicídios para cada 100 habitantes. Se providências realmente eficazes não forem tomadas, o cenário será catastrófico.
Ainda não se sabe, apesar de faltar pouco mais de três meses, quem serão realmente os candidatos, mas deixemos de lado as ideologias e embates de esquerda ou direita, bons e maus. Precisamos prestar atenção no que é concreto. Em quais são as propostas de cada candidato. Precisamos focar na vida e não em meras discussões que mais parecem brigas de torcidas organizadas.
O que o seu candidato preferido pensa sobre as políticas públicas voltadas para segurança, educação, saúde, saneamento básico e transporte?
Todos estes tópicos influenciam diretamente no controle destes números absurdos da violência no país. É na falta destes direitos básicos que a criminalidade cresce. É no vácuo em que o Estado deixa quando não consegue prover o que todo o cidadão merece que as facções criminosas se enraízam e assumem o poder. Quando não se tem educação, não se consegue emprego, falta dinheiro e o tráfico aparece como ‘salvação’.
Além disso, são necessárias propostas que fortaleçam todas as áreas, criando meios para que as esferas municipal, estadual e federal conversem e articulem informações. Uma política integrada pode diminuir o abismo entre cada região do Brasil e construir um crescimento sustentável para todos. Na criminalidade, por exemplo, a troca de dados pode auxiliar a desbancar criminosos que agem em todo o país e, na maioria dos casos, também fora dos nossos limites.
Logicamente que o problema não será resolvido de um dia para outro, mas os investimentos precisam ser feitos agora e nós, a população, temos a oportunidade de influir diretamente nisso. É a hora de tomarmos a rédea da situação e ajudarmos o nosso país e nossos filhos a terem um futuro diferente da guerra que vemos todos os dias estampadas nos jornais.
Para que sejamos realmente eficazes, precisamos estudar as propostas de todos e entender quais se ajustam mais para um país digno. E depois disso cobrar para que elas sejam colocadas em prática. Deixar de lado as opiniões polêmicas dos candidatos e focar no que cada um pretende fazer se eleitos.
Nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas por causa da violência. São duas eleições e meia para presidente. Mais de duas oportunidades, sem contar as eleições para prefeito, vereador e senador que aconteceram neste meio tempo. Ganharemos, em outubro, mais uma chance para ajudar a mudar o nosso futuro.
Marco Antônio Barbosa – Especialista em segurança e diretor
da CAME do Brasil