A infidelidade aos bons princípios, a corrupção, a mentira, o desrespeito e a violência vão tomando conta da sociedade, deixando o cidadão de bem perplexo, sem saber o que fazer e sem ter para onde ir. Os últimos acontecimentos, envolvendo os políticos, em especial, o presidente da Câmara dos deputados comprovam isso. São manobras de todo tipo para perpetuar no poder. Mesmo com todo desgaste, o homem “não quer largar o osso”.
Diante dessa constatação, ficamos impotentes, sem alternativas de socorro, não tendo uma referência positiva que nos inspire credibilidade. Essa desconfiança provoca apatia, desânimo e falta de motivação, o que dificulta ainda mais a luta pela construção de um mundo melhor, mais justo e solidário. Todavia, é preciso lembrar que a construção de uma sociedade melhor para todos pressupõe uma mudança de atitude, no sentido de banirmos de vez as artimanhas criminosas do nosso meio. Esse seria o primeiro passo para iniciarmos um processo de conduta ética confiável e sem hipocrisia.
Essa transformação não é fácil, pois teria que partir daqueles que nos governam, que fazem leis, que investigam, apuram e julgam os atos criminosos. Se o exemplo partisse deles, certamente resgataríamos a confiança perdida, em razão da má conduta de muitos. Mas não é bem isso que acontece. No fundo, quem pode luta cada vez mais para manutenção de seus privilégios e regalias. A justiça, a isonomia e o princípio da igualdade ficam mesmo somente na esfera do discurso.
O cidadão de bem não confia nas autoridades, nem nas instituições, já que todas, de algum modo, sofrem influência dos detentores do poder. Por causa disso, costuma-se dizer que o resultado das investigações, envolvendo os poderosos, dentre estes os políticos, sempre acabam em pizzas. Ou seja, os líderes das diferentes instâncias de poder perderam a credibilidade por causa dos atos horrendos que protagonizaram e protagonizam ao longo dos anos. O pior é que eles continuam praticando irregularidades, crendo que estas cairão no vazio da impunidade ou do esquecimento.
São muitos os privilégios, por isso ninguém abre mão deles. Pelo contrário, fazem questão de serem tratados com diferença, como se fossem superiores aos demais seres humanos. Muitas autoridades passam uma imagem que em nada corresponde ao que verdadeiramente são. Poucos são os que realmente trabalham, pensando no bem do Brasil e do povo brasileiro. Fora estes, os demais deveriam ser afastados da vida pública, pois vivem saqueando a nossa pátria.
Assim, caminham nossas autoridades: não discutem leis que corrijam as injustiças, pois qualquer iniciativa neste sentido resultaria na perda de privilégios. Tudo que é bom para a maioria dos brasileiros, certamente não interessa à minoria que ostenta poder, fama e dinheiro. Mudar para quê? É melhor propor saídas políticas que propiciem aos poderosos, no final, participarem da divisão das pizzas.
Devido a essa prática nociva à sociedade, continuam os assaltos, os desvios de verba, a corrupção, as mentiras, o desres- peito e a violência. Assim, o cidadão de bem, cercado de injustiças, abusos e de humilhações por todos os lados, ficam de mãos atadas, não sabendo o que fazer. Ele, boquiaberto, vai vendo os monstros da política e das demais instâncias de poder promoverem escândalos e partilharem pizzas. O pior é que ainda chamam isso de democracia. Não seria melhor hipocrisia?
José Doniseti da Silva – Professor de Língua Portuguesa, Redação e Literatura Brasileira, escritor e poeta. Blog:donisetiprofessor. bolgspot.com