Mais concentração
A volta às aulas deste ano traz uma novidade que promete mudar a dinâmica das salas de aula: a proibição do uso de celulares durante as atividades escolares. A medida, prevista na Lei nº 18.058/2024, busca combater a distração dos estudantes e melhorar o desempenho acadêmico. A decisão chega em um momento crucial, já que dados do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) revelam que cerca de 65% dos alunos estudantes admitem se distrair durante as aulas por causa do celular, tablets e laptops. No Brasil, o percentual é ainda mais alarmante: 80% se distraem com os dispositivos eletrônicos.
A pesquisa, que avaliou o desempenho de estudantes em diversos países, aponta que o uso excessivo de dispositivos móveis tem impactado negativamente a capacidade de concentração e o rendimento escolar, especialmente em disciplinas que exigem raciocínio lógico, como a matemática. Diante desse cenário, a nova lei surge como uma tentativa de criar um ambiente mais propício para o aprendizado.
Letícia Sakaguti, especialista em ensino de alto desempenho em matemática, avalia a medida como essencial. “Sem dúvidas, é uma decisão muito importante. Infelizmente, os alunos ainda não têm maturidade e sabedoria para escolher prestar atenção na aula em vez de mexer no celular”, afirma. Ela ressalta que, embora outras distrações ainda possam existir, como conversas paralelas ou divagações, a ausência do celular já representa um avanço significativo.
A especialista explica que o uso constante de dispositivos móveis tem criado uma geração “destreinada” para atividades que exigem concentração prolongada. “Qualquer aprendizado requer foco e atenção. O acesso a vídeos ou mensagens instantâneas faz com que os alunos estejam acostumados à dopamina barata, perdendo o prazer e o hábito de atividades que demandam mais concentração”, diz. Na matemática, esse fenômeno é ainda mais evidente, com a perda do raciocínio lógico necessário para resolver exercícios.
Com a nova lei em vigor, a expectativa é que as salas de aula se tornem ambientes mais focados e produtivos, ajudando os alunos a recuperar o tempo perdido com distrações e a desenvolver habilidades essenciais para o aprendizado. Resta agora acompanhar os resultados dessa mudança e ver como escolas, pais e estudantes se adaptarão a essa nova realidade.