quinta-feira, 24 abril

    Óculos inteligente para surdos

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    TECNOLOGIA ASSISTIVA

    Um grupo de seis estudantes da Fundação de Ensino de Contagem (Funec) Riacho mostrou que a combinação entre criatividade, curiosidade, empatia e apoio pode gerar resultados incríveis. Durante cerca de seis meses, eles criaram um projeto de tecnologia assistiva: um óculos inteligente, capaz de captar sons e transformá-los em informação visual para pessoas surdas. O projeto foi premiado com uma bolsa de iniciação científica, ao concorrer com mais de cem propostas, em uma das mostras científicas mais relevantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ele chamou a atenção por ser acessível, criativo e socialmente engajado.
    Tudo começou com uma inquietação de Heitor Augusto, aluno do curso técnico em informática integrado ao ensino médio, após ter tido um colega de turma surdo. “Vimos como era o dia a dia do nosso colega, e decidimos criar algo simples, para qualquer pessoa poder usar e fazer diferença de verdade. A tecnologia assistiva existe, mas não está disponível em todo lugar. Então, quisemos fazer algo para mudar isso”, explica o jovem, idealizador da proposta.
    A trajetória do grupo foi sendo moldada com apoio de professores e da própria Funec, que integra desde cedo os estudantes a projetos científicos. O trabalho foi contemplado com uma bolsa do Programa de Iniciação Científica Júnior – ICJ (PICjr) e teve participação na Mostra Tecnológica Funec Riacho 2024, na Feira Científica, Tecnológica e de Extensão da Funec (FECITEX) e na Feira de Ciências, Tecnologia, Educação e Cultura (FECITEC/UFV), onde conquistou reconhecimento e premiação, no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC UFV), que tem como objetivo despertar a vocação científica e incentivar novos talentos, a partir da ampliação de seu acesso à cultura científica.
    Durante as feiras, os alunos se encontraram com intérpretes de Libras, pessoas surdas e estudantes universitários que contribuíram com sugestões para o aprimoramento técnico do projeto. A troca de experiências fortaleceu a confiança do grupo e ampliou os horizontes da iniciativa.
    A ideia se transformou em projeto com a ajuda dos colegas Bernardo Guimarães, Arthur Gabriel, Sofia Helena, Ana Clara Leal e Bárbara França. A equipe, mesmo ainda em formação acadêmica, aprofundou em conceitos de programação, acessibilidade, Libras e design de interfaces. Até o momento, foram cerca de seis meses de trabalho, entre planejamento, pesquisa e desenvolvimento. “Foi um processo intenso. Precisávamos entender como comunicar sons através da visão. Não bastava funcionar, no final tinha que fazer sentido”, conta Arthur, que cuidou da parte visual do trabalho.
    Durante o processo, o grupo se deparou com desafios técnicos e teóricos, por exemplo, de como vencer a limitação de conhecimento. A resposta veio de onde menos se esperava: da vontade de aprender. “Ainda estamos no ensino médio, não sabemos tudo de informática. Mas buscamos cursos por fora, falamos com intérpretes, escritores, pessoas que vivem nessa realidade. Foi aí que entendemos de verdade a importância do que estávamos criando”, lembra Sofia Helena.

    Execução do projeto
    Os óculos desenvolvidos pelo grupo são capazes de identificar sons e conversas e transformá-los em sinais luminosos direcionados ao usuário. Além do protótipo, os estudantes criaram um site educativo que explica sobre o projeto. “Nós queríamos que fosse também uma plataforma de informação. Muita gente não tem noção do que significa viver sem ouvir”, reforçou Arthur.
    Parte dos componentes do óculos ainda terá de ser criada do zero, com desenhos e soluções mecânicas desenvolvidas pelos próprios estudantes. Tudo isso para manter o foco principal de criar uma tecnologia assistiva, acessível e inclusiva. Com o recurso da bolsa conquistada, os alunos pretendem agora desenvolver o primeiro protótipo físico do óculos, investir em melhorias no site do projeto e criar um aplicativo complementar.