terça-feira, 3 dezembro

    César e a verdade

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    A frase é de Caio Júlio César e desde que foi construída tem sido repetida incontáveis vezes, nas mais diversas situações. “À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”, afirma a expressão cunhada no século I antes de Cristo, que cruzou milênios e tem sido aplicada desde as relações amorosas até a higiene de restaurantes. Os motivos do tempo e da generalização são bastante para justificar uma reflexão sobre a frase, seu autor e seu contexto.
    O autor da frase é um dos homens mais conhecidos da História. Jurista, orador, sacerdote, escritor, general e político, César era muito famoso, também, pelos casos amorosos que mantinha com as esposas de seus adversários políticos. Por haver sido acusado falsamente, na juventude, de ter tido relação homossexual com o rei Nicomedes, a fim de garantir o apoio da Bitínia em uma empreitada romana – mentira explorada por seus adversários durante décadas – César seguiu o conselho da mãe, Aurélia, de responder a estes adversários seduzindo suas esposas de modo público e notório. O que fazia com reconhecido êxito.
    Num mundo que supervaloriza a imagem e as aparências – embora com certa hipocrisia pregue que “o ser” é mais importante que “o parecer” – facilmente se explica porque a frase ganhou popularidade. Oxalá aqueles que a empreguem no futuro saibam, ao menos, que estão valorizando as aparências em detrimento da verdade.
    Muito utilizado na comunicação, o conceito por trás dessa frase histórica também serve ao meio político, especialmente quando se está à véspera de eleições importantes como a de presidente da República, senador, governador de Estado e deputados, ou quando se está a poucos dias do início de novas administrações municipais e de novas legislaturas de vereadores.
    Imagens e aparências são variáveis presentes com destaque nas campanhas publicitárias e nas propagandas políticas. Cada vez mais, no entanto, o cidadão, alvo desse esforço, começa a perceber a lógica inversa de César e a ter consciência que não basta à mulher dele parecer honesta, é preciso ser, de fato e de direito, honesta. E para não fugir muito do tema, que no tempo certo, seja dado a César o que é de César.

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