Na época do Brasil colônia, a Coroa portuguesa mantinha o controle sobre os territórios ocupados através dos chamados “postos de registro”, que fiscalizavam e registravam todo o movimento de pessoas e mercadorias, cargas e tropas. No início do século XVII, nas terras da sesmaria do capitão João de Sousa Souto Maior – num terreno conhecido como Sítio das Abóboras – foi instalado um desses postos de fiscalização e arrecadação.
Em torno desse posto, surgiu um pequeno povoado, onde foi erguida uma capela para abrigar São Gonçalo do Amarante, protetor dos viajantes. Logo surgiu o arraial de São Gonçalo de Contagem, elevado a paróquia em 1854. A partir de 1901, passou a integrar o município de Santa Quitéria (Esmeraldas). Em 30 de agosto de 1911, Contagem foi emancipada e elevada à condição de vila.
Em 1949 realizou sua primeira eleição direta para o Executivo.
Hoje, com 621,863 habitantes e 459.110 eleitores (IBGE/2022), a cidade, administrada por Marília Campos (PT) – 28º prefeito eleito – é o terceiro maior colégio eleitoral do Estado de Minas e o segundo da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Produto Interno Bruto (PIB) de Contagem atingiu a marca de R$29,558 bilhões e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), foi de 0,756, de acordo com o IBGE. Da antiga Contagem permanecem algumas edificações do núcleo original, como a Casa da Cultura, a Igreja São Gonçalo e o Centro Cultural, coexistindo com a Contagem moderna e progressista, com destaques para as áreas de educação, saúde e obras, consolidando seu patrimônio cultural e sua identidade.
Igreja São Gonçalo
Referência religiosa do povoamento de “Sam Gonçallo da Contage”, os primeiros registros sobre a capela datam de 1725. Em 1825, a igreja foi substituída por uma construção mais suntuosa, sendo elevada à condição de Matriz em 1854. Apesar das várias intervenções em sua arquitetura, a matriz, que possui imagens em madeira do século XVIII e retábulo em estilo Rococó, ainda representa a identidade religiosa local. Seu interior abriga seis imagens do período colonial, entre elas São Gonçalo do Amarante.
Centro Cultural
Remanescente arquitetônico do núcleo histórico originário do posto fiscal do registro, o conjunto arquitetônico onde atualmente funciona o Centro Cultural de Contagem, foi restaurado em 1998 e tombado conforme o Decreto 9.987, de 31 de março do mesmo ano. Formado por dois casarões de tipologia colonial (Casa Amarela e Casa Rosa), e um casarão em estilo eclético (Casa Azul), o local abriga galeria de arte, teatro, salas multiuso e salas de aulas para cursos de artes, biblioteca pública municipal, além de oferecer oficinas e eventos durante o ano.
Casa da Cultura
Edificação construída no século XVIII, em estilo colonial, a Casa de Cultura Nair Mendes Moreira, tradicionalmente conhecida como “Casa do Registro”, é considerada a casa mais antiga da cidade e um dos núcleos de origem da antiga “Contagem das Abóboras”. Restaurada em 1991 e tombada pelo Decreto 10.060 de 14 de dezembro de 1998, atualmente é o Museu Histórico de Contagem e abriga o Departamento de História, Memória e Patrimônio Cultural do Município com significativo acervo documental sobre a história da cidade.
Comunidade dos Arturos
Os Arturos são negros filhos, netos, bisnetos e tataranetos de Artur Camilo Silvério, nascido por volta de 1880, e sua esposa Carmelinda Maria da Silva. A grande família, mantida e alimentada pela raiz inicial, vive em Domingos Pereira, uma propriedade particular, com cerca de 6.500 hectares, localizado próximo do centro de Contagem. A comunidade criou um grupo folclórico-cultural que divulga as suas tradições através da música e danças religiosas de origem africana e que guardam, ainda, a pureza de suas raízes.
Casa de Cacos
Construída pelo professor de geografia Carlos Luís de Almeida, a Casa de Cacos é totalmente revestida artesanalmente de cacos de louça e vidros, inclusive os móveis, utensílios e adereços que a compõem. A obra, criada entre 1963 e 1989 – ano em que Almeida morreu – é a primeira e única no gênero no Brasil. O resultado exótico é conhecido e reconhecido no país e no exterior: uma casa toda revestida de fragmentos de história coloridos e reordenados, recriados. Um mosaico de sentimentos que interpreta o mundo e a cidade.
Parque Gentil Diniz
O Parque Gentil Diniz, com 24.000 m2, é uma das poucas áreas verdes ainda existentes no centro histórico de Contagem. Apresenta exemplares do cerrado, Mata Atlântica e espécies frutíferas, entre elas mais de cem jabuticabeiras – árvore-símbolo da cidade -, mangueiras, goiabeiras e jambeiros centenários; além de mognos, corticeiras e pau-jacaré. Conserva um casarão colonial do século XIX, além de um anfiteatro, um trecho de estrada feito por escravos no século XVIII, duas nascentes e uma horta de plantas medicinais.