sábado, 21 dezembro

    Indiferença

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    r a generosidade, a dedicação ao próximo, o serviço social, remunerado ou não.
    Não é pequeno o número de moradores de rua que resiste às abordagens, que já desistiram de retomar a vida chamada normal, de convivência próxima com familiares e amigos. É opção a ser respeitada. Há, entretanto, outros tantos queBasta chegar em casa, após mais um dia de trabalho, ligar a televisão em busca de noticiário ou, principalmente, de entretenimento e lá vem o tapa na cara. Crianças com olhares tristes vendo crianças igualmente tristes porque não conseguem mudar de vida, deixar as ruas, abandonar a miséria ao lado de adultos que nada enxergam. Quando o olhar é da criança, lá está o retrato da desesperança. Quando a imagem reflete a visão dos adultos, lá não há nada, apenas indiferença.
    Sentimento este que cresce em proporção geométrica na medida em que se assiste à tudo aquilo como se fosse apenas mais um comercial de televisão, como se falasse de uma realidade muito distante. Indiferença tão grande que não permite perceber quem marginaliza quem, quem fere quem mortalmente, quem ignora outro.
    Um relatório publicado pela ONU no último dia 12 mostra que a insegurança alimentar e a fome aumentaram no mundo. No Brasil, 1,5 milhão de pessoas passaram a fazer parte dessa realidade, que afeta mais de 70 milhões de brasileiros.
    O Brasil tem 21 milhões de pessoas que não tem o que comer todos os dias e 70,3 milhões em insegurança alimentar.
    Não é preciso ir longe para perceber que o quadro de miséria, de abandono, se repete a cada esquina, a cada instante.
    Em muitos, os moradores de rua provocam sentimento de pesar, em outros tantos, de revolta. Em mais alguns, de espanto e até de medo. Certo é que a maioria não consegue ficar indiferente ao problema. A diferença é que uns reagem, enquanto outros, passam adiante, seguem caminhos sem sequer voltarem os olhos para o lado, para trás.
    Muitos preferem culpar os governantes e responsabiliza-los por aquelas cenas terríveis. Acreditam que assim fazendo cumprem seu papel social. Sequer se dão ao trabalho de procurar saber qual é a realidade da população de rua do bairro, da região, da cidade.
    Quem procede assim, certamente não tem problema de consciência, mas também não consegue enxergar pessoas que tem como mérito maior a generosidade, a dedicação ao próximo, o serviço social, remunerado ou não.
    Não é pequeno o número de moradores de rua que resiste às abordagens, que já desistiram de retomar a vida chamada normal, de convivência próxima com familiares e amigos. É opção a ser respeitada. Há, entretanto, outros tantos que não o fazem por completa incapacidade, por derradeira impossibilidade, por total solidão. não o fazem por completa incapacidade, por derradeira impossibilidade, por total solidão.