segunda-feira, 23 dezembro

    As festas juninas

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    Depois da Páscoa e do Dia das Mães, chegou a vez das festas juninas se adaptarem à realidade trazida pela pandemia do Coronavirus – do arraial virtual a drive-thru de pratos típicos. Junho chegou, só que, desta vez, sem fogueira, quadrilhas nas ruas e comidas típicas. Com o avanço da Covid-19 no país, muitos brasileiros têm levado as tradicionais comemorações juninas, como quermesses, para dentro de casa, ou se programam para eventos on-line.
    O São João é uma das festas mais tradicionais do nordeste brasileiro e das mais animadas que já vivenciamos. É uma festa dos santos populares ou celebração do meio do verão, período centrado no solstício de verão (no hemisfério norte) e de inverno (no hemisfério sul) e, mais especificamente, nas celebrações do Norte da Europa que ocorrem entre 19 de junho e 25 de junho. Uma grande festa. Mas desde quando comemoramos essa festa tão popular? No Brasil, desde pelo menos o século XVII, no mês de junho, comemoram-se as chamadas “Festas Juninas”. Sabemos que, além daquilo que tipifica tais festas, como trajes específicos, comidas e bebidas, fogueiras, fogos de artifício e outros artefatos feitos com pólvora (como bombinhas), há também a associação com santos católicos, notadamente:SãoJoão,Santo Antônio e São Pedro. Mas de onde elas vieram? Associam essas festas a dos antigos povos germânicos e romanos. Os povos que habitavam as regiões rurais da Alemanha e de Roma, na antiguidade ocidental, prestavam homenagens a diversos deuses aos quais eram atribuídas as funções de garantir boas plantações, boas colheitas, fertilidade etc. Geralmente, tais ritos (que possuíam caráter de festividade) eram executados durante a passagem do inverno para o verão, que, no centro-sul da Europa, acontece no mês de junho. Nessesrituais se acendiam fogueiras e balões, havia danças, cânticos e manifestações populares diversas. Na transição da Idade Antiga para a Idade Média, com a cristianização dos romanos e dos povos bárbaros, essas festividades passaram a ser assimiladas pela Igreja Católica, que, como principal instituição do período medieval, soube também acabar o culto aos deuses pagãos do período junino e substituí-los pelos santos. Nas regiões do Sul da Europa, sobretudo na Península Ibérica (Espanha e Portugal), onde o catolicismo desenvolveu-se com muita força no fim da Idade Média, essas tradições tornaram-se plenamente arraigadas. Com a colonização do Brasil pelos portugueses a partir do século XVI, as festas juninas aqui foram se estabelecendo, sem maiores dificuldades, e ganhando um feitio próprio. Essa festividade junina no Brasil, sobretudo no nordeste, mantém as características que herdamos da Europa, trazidas pelos invasores de nossas terras, a exemplo da celebração dos dias dos santos. Também conseguimos mesclar em nossa cultura, muita coisa africana, indígena e europeia, a exemplo de comidas típicas, como a pamonha do milho verde, as danças, o uso de instrumentos musicais (viola, sanfona…) nas festas, etc., tudo isso reflete milênios de tradições diversas que se misturaram. Assim são nossas festas juninas, com origem também no continente que nos impôs uma colonização, também cultural.