O ano de 2016 começa com muitas dúvidas sobre os desafios que serão enfrentados pelos brasileiros, especialmente pelas nossas autoridades. No cenário político e econômico não há nada animador, pois os olhares estão apenas nas eleições municipais. Nenhum partido esboça qualquer tentativa de contribuir para a solução dos graves problemas, todos querem somente eleger os seus escolhidos. Nesse sentido, a melhoria da situação caótica em que se encontra o país, fica para depois.
É triste essa constatação, mas é a pura realidade. Na mídia, não vemos nada animador, apenas episódios que contribuem para agravar ainda mais a crise. Ela mostra as tentativas do governo em apresentar propostas que resolvam o problema econômico, todavia sem qualquer êxito. É um cenário totalmente desfavorável, já que o Congresso Nacional, todo contaminado, age de forma inescrupulosa e irresponsável, dando a entender que a culpa é do governo. Enquanto isso, cresce a descrença da população, que vai percebendo a queda do país caminhando em direção a um abismo profundo.
Nesse início de ano, só deparamos com notícias ruins. É o desemprego que continua, o dólar que sobe, os combustíveis que inflacionam o mercado, os gêneros alimentícios com preços em disparada, empresas em crise, atrasando salários dos funcionários. Além disso, os constantes reajustes nos preços das tarifas públicas, numa demonstração de total falta de sensibilidade daqueles que só pensam em resolver a crise financeira, penalizando somente aqueles não têm força para lutar; ou seja, o trabalhador que não têm auxílio moradia, verba indenizatória, convênio médico e que agora está perdendo também o seu emprego.
Os trabalhadores da rede pública estão perplexos. Nesse início de ano, já houve atrasos no pagamento de salários, agora já se fala em parcelamento dos vencimentos de fevereiro. O Estado de Minas é um exemplo disso. O que nos preocupa é que o ano mal começou e todos alegam que não têm dinheiro para pagar salários, para investimento na saúde, na segurança, na educação, mas contraditoriamente sobra dinheiro para verba partidária, verba indenizatória, auxílio moradia de quem já recebe altos salários por serem privilegiados com cargos no judiciário, no executivo e no legislativo. Ah! Para os grandes clubes de futebol brasileiro também tem verba.
Diante desse quadro caótico, se não houver uma mudança de atitude dos integrantes do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, das Câmaras de vereadores, do judiciário, vamos seguir em direção a um abismo cada vez mais profundo. É uma vergonha perceber que o auxílio moradia de um deputado, senador ou juiz é até três vezes mais que o salário de um professor da rede pública que, com esse minguado vencimento, tem que pagar transporte, alimentação, aluguel e plano de saúde, em caso de extrema necessidade.
Nenhum país se desenvolve com a falta de prioridade para a educação. Uma pátria educadora se faz com a valorização dos profissionais da educação. Uma boa educação ameniza problemas de saúde, de segurança pública, de moradia para a população que vive em áreas de risco. Mas isso não é prioridade, pois se fosse, o dinheiro apareceria como aparece para os partidos políticos, para auxílio moradia, para verbas indenizatórias e para os grandes clubes de futebol. A crise brasileira que presenciamos hoje só será superada se houver uma vontade política dos integrantes dos poderes executivo, legislativo e judiciário em buscar uma solução conjunta, inclusive abrindo mão de seus privilégios. Será que isso acontecerá um dia? Caso contrário, o povo continuará como expectadores de um país mergulhado cada vez mais em ruínas.
José Doniseti da Silva – Professor de Língua Portuguesa, Redação e
Literatura Brasileira, escritor e poeta. Blog:donisetiprofessor. bolgspot.com