Nas férias, as pessoas viajam mais e acabam exagerando nas doses, sem a conscientização de que álcool e direção não combinam. Resultado, o número de acidentes aumenta consideravelmente, principalmente na festa de Ano Novo.
Segundo a neurologista e membro da Academia Brasileira de Neurologia, Maria Fernanda Mendes, toda equipe que fica de plantão em pronto-socorro está ciente de que a noite de Reveillon é recorde de atendimento e metade das ocorrências transcorre do excesso de álcool. Acidentes de trânsito, pessoas embriagadas que estimulam brigas e outras em estado de coma alcoólico, várias são as causas que levam indivíduos a lotar os hospitais neste período do ano.
A bebida alcoólica no organismo provoca intoxicação e o hábito de “tomar apenas uma latinha” todos os dias é um sinal de alerta. Imperceptível a muitos, o desejo de consumir álcool diariamente já pode ser um vício. Culturalmente aceitável, a busca do prazer e do relaxamento que a ingestão de cerveja, vinho, whisky pode causar, seja em um happy hour com os amigos do trabalho ou mesmo em casa, pode representar um hábito fatal.
A gravidade está na falta de controle
Os pais também precisam estar atentos porque desde a adolescência a ingestão de álcool é percebida e a gravidade está na falta de controle. Os adolescentes e jovens bebem demasiadamente além de seus limites e acabam cometendo atos indignos. Mas qual o limite para beber com moderação? Segundo a Dra. Maria Fernanda a resistência ao álcool depende do sexo, peso, quantidade de gordura no corpo, se a pessoa pratica ou não exercícios físicos, se não está em jejum e ainda se faz uso de alguma medicação. Em geral, acima de duas doses de bebida destilada, cujo grau de ter alcoólico é elevado, já é considerado excesso.
E porque a bebida alcoólica altera os reflexos de uma pessoa? A neurologista explica que o álcool é inibidor do sistema nervoso central. “É como se tomássemos um calmante para dormir. Quando bebemos, nosso centro de resposta e nossa percepção atrasam, ficamos em estado de relaxamento”, informa. Por isso, as pessoas têm a sensação de prazer e dizem “estar alegres”.
A alegria momentânea, no entanto, pode se transformar numa profunda tristeza se o consumo de álcool não for mo-derado. A bebida mata de qualquer forma – rapidamente ou vagarosamente. O risco de o alcoólatra sofrer um acidente, morrer e ainda matar outras pessoas é enorme, mas as consequências que este indivíduo pode trazer às vítimas de tragédias ocasionadas pelo álcool são ainda mais sérias e traumáticas.
Metabolismo – O exagero da bebida alcoólica no organismo causa, além de problemas no fígado, perda de massa muscular e déficit da vitamina B12, que pode levar o indivíduo à anemia sem perceber, por ser uma doença silenciosa. A B12, encontrada em alimentos como a carne vermelha, principalmente no fígado, é essencial para o funcionamento normal do metabolismo de todas as células, especialmente das do intestino, medula óssea e do tecido nervoso.
A médica Maria Fernanda salienta que uma pessoa que já adquiriu o hábito de beber todos os dias deve procurar mudar sua rotina e se não conseguir fazê-lo sozinha, procurar urgente um clínico geral, explicar a situação e fazer os exames e acompanhamentos necessários para avaliar o que o álcool já causou em seu organismo. Se o caso de dependência for grave, buscar ajuda de um psiquiatra é o caminho mais apropriado.