sexta-feira, 13 setembro

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    No rádio, a mesma cantilena. Há muito se diz que as organizações de direitos humanos foram criadas para defender bandidos. O tom das críticas é ainda maior quando no centro da questão está o Estatuto da Criança e do Adolescente ou, melhor ainda, quando são menores de idade os autores de delitos. Quanto mais horrorizada a sociedade fica diante de um crime, maior a reação contra os “direitos humanos”.
    É plenamente compreensível que a mulher que perdeu o marido assassinado por um bandido, qualquer que seja a razão deste, queira até mais que se faça justiça, cobra uma punição exemplar. Se a vingança institucionalizada for possível, pela lei de Talião, melhor ainda.
    Como ir contra uma mãe e um pai que assistem seu filho ser repetidamente assassinado nos diversos replays mostrados pelas televisões e que se sentem desamparados diante da vida, tendo a fé como último consolo e um desejo enorme de que o assassino – sempre sem razão – pague pelo que fez e de todas as maneiras possíveis, com uma dor tão insuportável como a da perda da pessoa amada?
    Ao cabo de cada novo crime, especialmente os cometidos por menores, cresce o clamor popular por providências no sentido de que a sociedade não fique refém dos “de menor”, das quadrilhas que colocam as armas nas mãos dos jovens adolescentes por entenderem que a punição para eles é mais branda; dos jovens de má índole que espertamente se aproveitam disso para cometer barbáries.
    A questão cresce na proporção que formadores de opinião, como jornalistas renomados e apresentadores de programas de tevê, cantores e outros artistas, passam a alimentar a ideia de que os defensores dos direitos humanos, com o ECA debaixo dos braços, só existem para proteger bandidos; que nossos legisladores fazem o mesmo ao não promoverem mudanças nas leis como a redução da maioridade penal e/ou punições mais severas para crimes mais bárbaros.
    Fica evidente que estes organismos, mesmo não tendo sido criados para este fim, não conseguem convencer a sociedade do contrário. Precisam mudar a estratégia e estarem mais presentes ao lado das vítimas, sob pena de sucumbirem ao poderio da desinformação, à vilania dos índices de audiência, à ganância, à falta de escrúpulos. E cuidado com os argumentos, pois eles podem se transformar em armas mortíferas contra o principal direito humano, a própria vida.

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