Muito se discute sobre a violência que impera em nossa sociedade, mas pouco se fala em medidas para coibi-la ou combatê-la. Este assunto só costuma entrar na pauta das discussões do Legislativo, Executivo e Judiciário quando ocorrem fatos gravíssimos provocando danos irreparáveis à vida e à sociedade, quando o clamor popular é quase insuportável.
Apesar das constantes manifestações de violência, percebemos uma falta de interesse das autoridades em discutir medidas que minimizem seus monstruosos efeitos sobre a população. Primeiramente, poucas vozes se levantam para abordar tal tema com a devida seriedade que ele requer e quando o fazem, normalmente, é para transferir a responsabilidade para outros, não se empenhando em buscar soluções eficazes.
Isso é lamentável. Todos os temas em pauta no Congresso Nacional, assembleias estaduais e câmaras de vereadores parecem ser mais importantes que a violência, a segurança pública, embora o conjunto da sociedade sempre diga o contrário. Por mais que grite, a voz do povo ainda não é ouvida como deveria e, se escutada, não é compreendida.
No lugar do empenho para a solução do problema, articulações políticas visando à blindagem dos poderosos. Todos agindo em causa própria e não em favor do bem comum. Não se reformula o Código de Processo Penal brasileiro, visando por fim à impunidade para todos os tipos de crimes. Tudo isso se resolveria muito facilmente, se o alvo fosse a justiça, a honestidade, a transparência e as necessidades de segurança do povo brasileiro.
Uma legislação forte, clara e eficiente se torna um poderoso instrumento nas mãos da sociedade. Enquanto ela não é construída, tenta-se identificar o que é pior: a violência das ruas ou o descaso das autoridades, em todos os níveis.
A presente reflexão está proposta exatamente no momento em que as autoridades se mobilizam – ou deveriam atender ao chamado para a mobilização – no sentido de debater a violência e suas danosas consequências, com o propósito de encontrar um caminho que leve à solução do problema. Vale lembrar que a segurança pública é dever do Estado, mas depende fundamentalmente de cada agente social, a começar pelo próprio cidadão, de preferência desprovido de qualquer arma.