O sentimento que aflora com a notícia de que 41 políticos mineiros, entre eles o ex-prefeito de Contagem, Carlin Moura (PCdoB), foram citados na planilha em que o delator Benedicto Junior detalha pagamentos que teriam sido feitos a 179 políticos, é que a corrupção, no seu sentido amplo, tomou conta dos homens e das instituições deste país.
Além de Carlin Moura, na lista do ex-executivo da Construtora Odebrecht, responsável pelo centro de distribuição de propina da construtora, aparece os nomes do ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, e dos senadores e ex-governadores Aécio Neves e Antônio Anastasia, e também de ex-vereadores, deputados estaduais e federais, sendo que mais da metade deles ocupa hoje um cargo eletivo no Legislativo ou no Executivo.
De acordo com o material entregue ao Ministério Público Federal (MPF), ao todo os mineiros teriam recebido cerca de R$ 22 milhões como pagamento de Caixa 2, entre 2008 e 2014. Conforme o documento, o montante representa 9% do total de R$ 246 milhões registrados na lista e repassados a políticos brasileiros.
Carlin Moura, apelidado de “Barão”, teria recebido 32 mil reais para saldar dívidas de campanha. Ele ainda teria recebido outros 25 mil reais para apoiar candidatos do PCdoB. O ex-prefeito alega que nunca esteve com ninguém da Odebrecht para tratar de financiamento de campanha.
Na última quarta-feira (19/04) ele postou em sua página no facebook um texto afirmando que seus 12 anos de mandatos eletivos como vereador, deputado e prefeito, foram exercidos com lisura e transparência e que a Odebrech está
desesperada pra ver se salva a pele dela das maluquices que ela vem
fazendo com a Política no Brasil nos últimos 40 anos!
Assim como Carlin, os demais políticos citados na planilha do delator Benedicto Junior negam ter participado de qualquer ato ilícito e afirmam que suas campanhas receberam apenas doações registradas na Justiça Eleitoral. Dizem que vão provar, nos inquéritos, que são inocentes. Mas já está difícil acreditar que existe alguém inocente. Parece que até os bons estão comprometidos.
Jonh Lennon, morto em dezembro de 1980, por um fã, deixou algumas boas reflexões. Uma delas reflete este momento de descrédito e desesperança do brasileiro: “Não confio em ninguém. Só confio em mim e em Yoko”.