Nesse momento em que os candidatos se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem, todos devem-se preocupar com a redação de bons textos. Para isso, é preciso selecionar bem as ideias, demonstrar conhecimento do assunto e habilidade no processo de reflexão escrita, além de saber empregar adequadamente a norma culta da língua.
Todo processo de escrita é trabalhoso, requer disposição, vontade e persistência. O bom texto dificilmente fica pronto na primeira versão, por isso precisa ser revisto e melhorado. Esse processo é árduo, depende de muita força de vontade, transpiração para, no final, o rascunho se transformar numa redação de boa qualidade. A pressa em terminar rápido sempre atrapalha, pois os alunos perdem a chance da reescrita.
Todo concurso, vestibular, Enem, ou processo seletivo espera que o candidato apresente boa estrutura, vocabulário adequado, domínio da norma culta, desenvolvimento lógico, coerência e coesão. O texto precisa demonstrar que as ideias se ligam num movimento progressivo do início ao fim.
Esse é o grande problema da produção escrita. Poucos têm paciência de persistir no exercício e querem se livrar dele o quanto antes. A maioria entrega o texto sem ao menos passá-lo a limpo, sem releitura, sem revisão. Uns, por preguiça, desconhecimento; outros, por não valorizarem o processo de escrita, atitude essa que compromete o resultado, deixando-o em um nível aquém do esperado.
Independente do texto a ser produzido, o redator não pode ter preguiça, pois esta não combina com o exercício de redigir. Um escritor preguiçoso é como um atleta que quer vencer uma competição, fugindo dos treinamentos. Por mais talentoso que seja, não estará em forma para o momento da grande decisão.
Alguns erros são inaceitáveis e só acontecem por falta de dedicação. Há casos de redações em que o candidato não acentua uma só palavra, nem as proparoxítonas. Erros básicos de concordância, regência, ortografia e pontuação acontecem sem justificativa, pois são casos que o candidato certamente estudou e já os revisou durante a educação básica. Se ele não aprendeu foi por falta de vontade, já que oportunidade ele teve muitas e em diferentes momentos.
Quem pretende ter um bom desempenho na escrita deve-se preparar bem para isso. Deve treinar com a determinação de um atleta destemido e vencedor. Precisa aprender e praticar, buscando a forma ideal dos grandes competidores. É preciso escrever, sabendo o que faz, e não simplesmente para cumprir uma exigência ou obrigação. Escrever é uma arte e como tal exige o máximo de esforço do artista.
Em se tratando da produção de textos dissertativos, deve-se observar o emprego dos verbos em terceira pessoa, referindo-se aos pronomes “ele”, “ela”, “eles”, “elas”, para assegurar o que se chama de impessoalidade. A linguagem empregada deve obedecer às regras do registro padrão, formal ou culto. Ela deve ser objetiva, os períodos devem ser curtos, para assegurar o máximo de clareza.
Não é admissível uma redação dissertativa para concurso em que apareçam gírias, clichês, expressões feitas, ou enunciados prontos. Quem emprega termos como “o bofe”, “tá bom”, “sem noção”, “ninguém merece”, “tampá o sol com a peneira”, “isso está me cheirando mal”, desqualifica o texto. Além disso, não se deve usar expressões como “eu acho”, “na minha opinião”, “eu acredito que”, já que exprimem redundância, uma vez que esse tipo de texto já revela o ponto de vista do autor. No caso de usar a primeira pessoa, use o plural, evitando assim marcas de individualismo.
Quem quer se sair bem na redação do Enem deve atender a essas condições. O candidato que se esforçar, persistir e dedicar, alcançará ótimo resultado. Mas é preciso querer, aprender e praticar. Esse o ponto de partida para crescer na arte de redigir..
José Doniseti da Silva – Professor de Língua Portuguesa, Redação e Literatura Brasileira, escritor e poeta. Blog:donisetiprofessor. bolgspot.com