Pesquisa realizada em 2009 pela FGV/Ibre apontava que cerca de 40% dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos abandonavam os estudos por considerar a escola pouco interessante. A necessidade de trabalhar aparecia em segundo lugar, com 27% das respostas. Sete anos depois, a publicação “Educação Integral: Juventude, Expressão e Participação”, do Portal Educação & Participação, mostra que a juventude é cada vez mais questionadora e desafia conceitos que vão desde o teor do currículo escolar até a forma como os conteúdos são transmitidos. A plataforma é coordenadapela Fundação Itaú Social e pelo Centro de Pesquisas e Estudos em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

“É fundamental perceber que não existe “um jovem” brasileiro. O que temos são “juventudes”, influenciadas por suas respectivas vivências e realidades. Ou seja, dificilmente uma fórmula universal poderá ser aplicada com a mesma taxa de sucesso em todas as localidades do País. Os cenários são variados”, aponta a superintendente da Fundação Itaú Social, AngelaDannemann.

A Educação Integral propõe a ampliação de tempos, espaços e conteúdos de aprendizagem dentro e fora da escola, expandindo o repertório do aluno e promovendo seu desenvolvimento pleno. Mas para isso é preciso propiciar múltiplas oportunidades de aprendizagem por meio do acesso à cultura, à arte, ao esporte, à ciência e à tecnologia, por meio de atividades planejadas com intenção pedagógica e sempre alinhadas ao projeto político-pedagógico da escola.

Educacao

Em 2016, dez escolas estaduais de Belo Horizonte, Vespasiano, Contagem, Nova Lima, Ribeirão das Neves e Santa Luzia integrarão o projeto piloto de implementação do Programa. O mapeamento das escolas começa em maio, para que em junho seja realizado o Plano Participativo, onde a comunidade escolar terá voz para definir os temas e linguagens mais adequados às unidades escolares participantes.

A partir de agosto, têm início as atividades denominadas “experimentações”, oficinas que colocam os jovens em contato com diversas tecnologias, linguagens e estilos profissionais, ampliando seu repertório e os engajando na realização de um produto final: uma intervenção na comunidade onde vivem. Cada escola contará com quatro especialistas em tecnologias sociais para atender aos projetos, que serão realizados em 30 horas. No final, haverá um encontro público nas unidades para que toda a comunidade conheça as intervenções.

Estão previsto encontros formativos para superintendências regionais, assessores pedagógicos, diretores e coordenadores de educação integral, assim como a realização de pesquisa sobre as condições de implementação de programas de educação integral nas escolas públicas mineiras. A sistematização do trabalho e da pesquisa resultará em um livro-itinerário, que possa ser instrumento para a disseminação junto aos profissionais da rede estadual de educação.

“A sistematização é importante para a transferência de conhecimento e para a continuidade das propostas”, pondera Angela.