inflacao-01A economia brasileira deverá ter uma contração maior do que o esperado neste ano e em 2016, segundo previsão dos economistas do mercado financeiro, coletada pelo Banco Central por meio de pesquisa com mais de 100 bancos. Para a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão do mercado financeiro recuou para 9,29% na semana passada, contra 9,32% na semana anterior. A previsão diminuiu pela primeira vez após 17 estimativas de alta. No boletim anterior, os economistas haviam previsto estabilidade. Mesmo com a queda, se confirmado o resultado, será o maior índice em 12 anos, ou seja, desde 2003 – quando somou 9,30%.

Para o comportamento da economia neste ano, os analistas passaram a estimar uma retração de 2,06%. Foi a sexta queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 2,01% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.

Para 2016, os economistas passaram a prever contração de 0,24% no PIB do país. Na semana anterior, haviam estimado uma retração de 0,15% para a economia no próximo ano. Para se ter uma ideia, no início deste ano, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no ano que vem.
Para 2016, a expectativa de inflação do mercado subiu de 5,44% para 5,50% na última semana. Foi a terceira alta consecutiva da previsão do mercado financeiro para o IPCA do ano que vem.
Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
No fim de maio, o IBGE informou que a economia brasileira registrou queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, puxada pelo desempenho negativo do setor de serviços e da indústria, bem como pelo recuo do consumo das famílias e dos investimentos. No início do ano, o que evitou um tombo ainda maior do PIB foi a agropecuária.

Inflação – Segundo economistas, a alta do dólar e principalmente dos preços administrados (telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.

Para 2016, a expectativa de inflação do mercado subiu de 5,44% para 5,50% na última semana. Foi a terceira alta consecutiva da previsão do mercado financeiro para o IPCA do ano que vem.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.
Taxa de juros – Após o Banco Central ter subido os juros para 14,25% ao ano no fim de julho, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa subiu para 12% ano – o que pressupõe reduções da Selic ao longo do ano que vem.

Câmbio – Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu para R$3,50 por dólar. Para o término de 2016, a previsão para a taxa de câmbio ficou estável em R$3,60.